Lula diz a Macron que quer concluir acordo do Mercosul com UE em seis meses: 'Abra seu coração' 4j6p6c
Presidente brasileiro se encontrou com o líder francês nesta quinta-feira, 5, em Paris 651r3h
Lula, em encontro com Macron em Paris, afirmou querer concluir o acordo Mercosul-UE em seis meses, enquanto lidera o bloco, enfrentando desafios como a resistência sa devido a questões agrícolas e ambientais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou ao presidente da França, Emmanuel Macron, que quer concluir o acordo entre o Mercosul e a União Europeia nos próximos seis meses, enquanto estiver à frente da presidência do bloco sul-americano, cargo que assumirá no segundo semestre deste ano. 4p1n44
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"Expus ao presidente Macron minha convicção sobre o papel estratégico de parceria entre o Mercosul e a União Europeia. Eu assumirei a presidência do Mercosul no próximo dia 6. E, ao assumir a presidência, em uma data de 6 meses, eu quero lhe comunicar que não deixarei a presidência do Mercosul sem concluir o acordo com a União Europeia", afirmou Lula, em Paris, na manhã desta quinta-feira, 5.
"Portanto, meu caro, abra o seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso querido Mercosul. Esta é a melhor resposta que nossas regiões podem dar diante do cenário de incertezas criado pelo retorno do unilateralismo e protecionismo tarifário", disse o brasileiro ao presidente francês.
Lula se encontrou com Macron nesta quinta-feira para discutir temas como o acordo entre Mercosul e União Europeia e a lei antidesmatamento do bloco europeu.
O líder francês é um dos principais críticos ao acordo de livre comércio entre os blocos econômicos, ao mesmo tempo que a França foi um dos principais defensores da lei antidesmatamento europeia. Já Lula tem como um dos objetivos de sua gestão a ratificação do acordo entre UE-Mercosul, enquanto o governo brasileiro classifica a lei antidesmatamento como unilateral e discriminatória.
Entidades agrícolas contra acordo 2h2o19
Em carta na véspera do encontro entre os presidentes, entidades agrícolas sas reforçaram sua oposição ao acordo comercial entre os blocos. Os grupos pediram que Macron mantenha a pressão contra a validação do pacto e exerça o direito de recusa.
"Este acordo vai muito além da esfera comercial. Ele levanta questões importantes de soberania agrícola, justiça econômica para os produtores europeus e coerência política diante dos compromissos climáticos e sociais da União Europeia", disseram, citando que os produtos importados são produzidos com uso de substâncias proibidas, transgênicos e ausência de rastreabilidade, distante do padrão europeu.
Questionado pela imprensa sobre isso, Macron afirmou que o acordo é bom para muitos setores, mas traz risco para os agricultores europeus.
"Os países do Mercosul não estão no mesmo nível de regulamentação. É uma discrepância. Não é uma discrepância de atividade ou de qualidade, mas é uma discrepância na regulamentação. Como é que eu vou explicar aos agricultores que, no momento em que eu exijo que respeitem as normas, eu abro o mercado para produtos que não respeitam essas normas? Qual vai ser o resultado? O clima não está sendo beneficiado, vamos matar a nossa agricultura, isso é injusto e não é a visão do presidente Lula. Por isso que eu disse, temos que melhorar, aprimorar o acordo, temos que trabalhar para termos cláusulas de salvaguarda, cláusulas-espelho, temos seis meses", destacou o presidente francês.
Em resposta, Lula ressaltou que existem "boas condições" para o tratado e lembrou que o Mercosul vai facilitar as importações de vinhos e queijos da França.
"O Macron pode dizer aos agricultores ses que pode ter alguém no mundo preocupado com o meio ambiente igual ao meu governo, mas não mais. Eu queria pedir ao Macron uma coisa muito séria: não permita que nenhum país europeu coloque dúvida sobre a defesa que o Brasil faz para reduzir o desmatamento", disse.
Concluído no fim do ano ado, o acordo Mercosul-UE está em fase de revisão e tradução e pode se assinado pelas partes até o fim do ano, para depois seguir para a etapa de ratificação pelos dois blocos. Alguns países europeus, como a França, no entanto, pedem mais garantias para o setor agropecuário.
Viagem de Lula 3t3n4g
Lula embarcou na última terça-feira, 3, para uma visita de Estado à França, com o objetivo de fortalecer a "parceria estratégica" entre os dois países. Esta é a primeira visita de Estado de um presidente brasileiro à França em 13 anos. (*Com informações do Estadão Conteúdo e da Ansa).