Secretário de Segurança e pré-candidato ao Senado, Derrite pode antecipar saída do governo Tarcísio 2z3818
PP avalia que ele colherá mais dividendos eleitorais se reassumir mandato como deputado; governo de São Paulo diz que não há previsão de mudança na pasta 3n2v2q
O secretário Guilherme Derrite pode antecipar sua saída do governo Tarcísio para reassumir o mandato na Câmara, visando fortalecer sua pré-candidatura ao Senado e atuar em projetos de endurecimento penal; o governo nega mudanças na pasta no momento.
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP-SP), pode deixar a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) ainda este ano. 3a3w5b
Segundo o PP, Derrite aprovaria a sugestão de seu partido para antecipar a saída do cargo para dezembro, reassumir o mandato de deputado federal e trabalhar pela aprovação de projetos endurecendo a legislação penal.
Derrite é pré-candidato ao Senado, mas também é cotado como candidato a governador caso Tarcísio decida disputar a Presidência. Para concorrer às eleições, ele precisa deixar o cargo até abril de 2026.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Na visão do PP, o protagonismo dele em eventuais mudanças na lei penal pode render mais capital eleitoral do que a permanência no cargo de secretário até a data limite.
O governo Tarcísio disse, em nota, que "não há qualquer previsão de mudança na gestão" neste momento e reafirmou que o prazo para desincompatibilização eleitoral é somente em abril. A Secretaria de Segurança Pública não se posicionou até a publicação desta reportagem.
A antecipação da saída do secretário foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada ao Estadão pelo deputado federal Maurício Neves, presidente do PP de São Paulo.
"Fizemos essa sugestão ao Derrite, que viu com bons olhos, mas ainda não há nada sacramentado", disse ele. Segundo o parlamentar, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pretende pautar projetos de lei sobre segurança pública no segundo semestre, mas o PP tenta convencê-lo a adiar a análise para o início de 2026, de forma que Derrite participe das discussões como deputado.
Neves não descarta, contudo, que as propostas possam ser pautadas no final do ano já com Derrite na Câmara. "Se não emplacar em dezembro, a gente consegue isso logo na volta [do recesso parlamentar em fevereiro]", disse ele.
Neste sábado, o secretário defendeu em um evento que a audiência de custódia seja limitada a presos em flagrante. Ele também apoia propostas para tornar mais rígidas regras de progressão de regime e punições por reincidência criminal.
Em um movimento semelhante ao que defende o PP, o chefe da pasta da Segurança Pública deixou temporariamente o cargo no ano ado para reassumir o mandato na Câmara e atuar como relator do projeto que acabou com as saídas temporárias de presos em datas comemorativas — o texto manteve a possibilidade dos presos de baixa periculosidade saírem para estudar ou trabalhar.
Tanto Maurício Neves quanto outros aliados do secretário negam que a possível saída antecipada esteja relacionada com um suposto descontentamento de Tarcísio com Derrite.
Uma pessoa próxima do governador disse ao Estadão que o secretário tem "todo o respaldo" de Tarcísio, que apoiará a decisão tomada por Derrite — seja a de antecipar a saída ou a de ficar até abril.
Há cerca de 15 dias, o governador foi à filiação do secretário ao PP, que teve ares de lançamento da campanha de Derrite a senador. Disse na ocasião que o aliado se tornou um político habilidoso e ganhou "consistência técnica" ao se tornar um estudioso da segurança pública.
O governo de São Paulo defendeu a atuação de Derrite à frente da pasta. "Desde o início da atual gestão, a política de segurança pública no estado tem apresentado resultados concretos, evidenciados pelos indicadores de criminalidade. Índices como homicídio e roubo, por exemplo, apresentam quedas históricas", disse o Palácio dos Bandeirantes.
Derrite esteve no centro da última crise do governo paulista, causada por uma série de episódios de violência policial entre o final de 2024 e o início de 2025. Ele balançou no cargo, mas Tarcísio decidiu mantê-lo.
Agora, há novo desgaste: como mostrou o Estadão, a Justiça colocou em xeque e decidiu suspender licitações realizadas sob o guarda-chuva da Secretaria de Segurança Pública para a compra de coletes balísticos. Enquanto os novos itens não são adquiridos, equipamentos vencidos se acumulam e prejudicam a realização de operações policiais.
O atraso em uma compra anterior da PM já gerou princípio de crise e foi resolvido com a compra de coletes que falharam em um teste balístico realizado em uma das amostras. A Coluna do Estadão mostrou que os materiais ainda não foram entregues.
