João Menezes fala sobre a Side no Brasil e o crescimento do estúdio em São Paulo b3x20
Estúdio global de co-desenvolvimento começa operação com mais de 100 profissionais e mira expansão no mercado latino-americano 2u185k
A Side, maior estúdio de co-desenvolvimento do mundo, acaba de inaugurar seu primeiro estúdio na América do Sul — e escolheu São Paulo como ponto de partida. Com trabalhos em grandes títulos como Baldur’s Gate 3, Hogwarts Legacy e o Indiana Jones, a empresa inicia suas operações no Brasil com mais de 100 profissionais e já prevê dobrar esse número até o fim do ano. 4l644h
Para entender o impacto dessa chegada e o papel que o novo estúdio pode exercer dentro da indústria nacional, o Game On conversou com João Menezes, head da operação brasileira. Ele falou sobre os desafios de implantação, o alinhamento global com os demais estúdios da Side e o potencial do Brasil como referência em co-desenvolvimento.
Game On: Como foi o início da operação da Side aqui no Brasil e qual tem sido o seu papel nesse processo?
João Menezes: Comecei em setembro do ano ado. O estúdio existe desde o início do ano ado. No momento em que recebi a oferta, eu estava fora do país, e foi uma proposta que me tocou muito.
Sempre vi o potencial do Brasil. Sou apaixonado por games, então pensar em voltar para casa e ver a indústria de jogos crescendo aqui foi a conciliação perfeita. Quando entrei, tínhamos 60 pessoas. Hoje, estamos com 104, e crescendo de forma maravilhosa. Até o final do ano, quero dobrar esse número.
O que faço, principalmente, é auxiliar meu time a fazer o que eles fazem de melhor: trabalhar com games. No dia a dia, cuido do que está faltando para eles — seja ferramenta, espaço, ou qualquer coisa de que precisem, eu viabilizo.
Também vou atrás de outras oportunidades, como essa aqui, de divulgar o conhecimento da Side para estúdios indies e desenvolvedores brasileiros. Pessoas que sempre sonharam em trabalhar com jogos agora sabem que a Side está aqui no Brasil. Podemos atendê-los com testes feitos localmente, sem a necessidade de buscar empresas lá fora com preços inviáveis, o que acaba limitando o crescimento deles.
Game On: Como a Side pretende alinhar as operações do estúdio de São Paulo com seus demais estúdios internacionais para garantir consistência na entrega de projetos AAA?
João Menezes: A gente já está alinhado. Tanto que nossa estrutura é global. Temos uma diretora global de QA, um diretor global de co-dev, e eles visitam os estúdios, conversam com as equipes locais e compartilham os padrões que desejamos implementar em todos os lugares.
Trabalhando de forma global e com esse contato constante com os times internacionais, conseguimos manter o mesmo padrão em todos os estúdios. É assim que atuamos: de forma conectada com os outros estúdios da Side.
Game On: De que forma a parceria entre a Side e a Razer para desenvolver ferramentas avançadas de testes pode impactar a eficiência e a qualidade dos jogos desenvolvidos no estúdio de São Paulo?
João Menezes: Estamos muito ansiosos para ver os resultados dessa parceria. Temos certeza de que coisas muito bacanas vão surgir, e que isso também vai gerar bastante oportunidade para quem está preparado para trabalhar nesse campo. Esperamos que isso transforme positivamente a vida dos nossos testers aqui.
Game On: Em que aspectos o estúdio de São Paulo se diferencia dos demais da Side, e como isso pode impactar positivamente a inovação dentro da empresa?
João Menezes: Fico feliz que você tenha mencionado isso de forma positiva, porque sou suspeito de falar. Mas, como brasileiro, só vejo qualidade no nosso serviço. E os clientes de fora, quando vêm visitar, ficam impressionados com a paixão das pessoas que trabalham aqui.
Eles sempre comentam sobre como o pessoal é receptivo, acolhedor e interessado em aprender. Isso é algo que a gente compartilha com os estúdios de fora. Temos o padrão que conversamos, mas cada lugar tem sua cultura — e esse aspecto acolhedor do brasileiro realmente faz diferença nos projetos. É algo que funciona bem e que conseguimos mostrar com orgulho.
Game On: Quais desafios a Side encontrou ao estabelecer seu primeiro estúdio na América do Sul, e como eles foram superados?
João Menezes: Os desafios existem em todos os países. Aqui, por exemplo, um dos principais requisitos para a maioria dos projetos é o conhecimento em inglês, e sabemos que nem todo mundo no Brasil domina o idioma. Isso é um desafio.
O que fazemos é buscar alternativas. Tenho funcionários aqui hoje que estão estudando inglês, e a gente apoia isso, porque eles se desenvolvem e conseguem aplicar esse conhecimento diretamente no trabalho.
Dessa forma, oferecendo apoio, conseguimos resolver boa parte dos desafios. Outro ponto é a divulgação. A Side está no Brasil desde o início do ano ado, mas nem todo mundo sabe disso. É fundamental que mais pessoas conheçam a empresa.
É importante que os desenvolvedores, os estúdios indies, saibam que existe uma empresa aqui, em São Paulo, especializada no que eles precisam, que oferece preços íveis e viabiliza projetos sem que precisem buscar e lá fora.
Game On: Como o estúdio de São Paulo pode se tornar referência em co-desenvolvimento dentro da América Latina, ampliando a presença da Side no mercado global de games?
João Menezes: Desejamos muito que a Side se torne uma referência, e com o tempo e as oportunidades, acreditamos que isso vai acontecer.
Temos um time forte de co-dev aqui. O mercado em São Paulo e no Brasil é ótimo. Há muitas pessoas interessadas em aprender desenvolvimento, além de profissionais experientes que querem trabalhar para uma empresa nacional, buscando mais estabilidade, depois de tantas experiências em que participaram de projetos e foram desligados.
Essas pessoas encontram um ambiente ideal aqui na Side. Acredito que a nossa paixão, qualidade e o crescimento que estamos alcançando vão repercutir lá fora, com certeza.